The Gift of Global Talent

The Gift of Global Talent

William R. Kerr

O autor é professor de Harvard e ganhou uma medalha da Fundação Kauffman por suas pesquisas em empreendedorismo. Seu artigo sobre as personalidades empreendedoras traz um Modelo preciso do Processo Empreendedor.

Neste livro de 2019, publicado pela Editora de Negócios de Stanford e ainda não lançado no Brasil, ele se aprofunda em dados e pesquisas a respeito dos movimentos de migração, com foco sobretudo nos Estados Unidos. O livro foi lançado em meio a polêmica proporcionada pelo presidente Donald Trump e suas restrições ao fluxo de imigrantes.

Pessoas talentosas (ou simplesmente, o talento) são os recursos mais valiosos do próximo século. E elas têm mobilidade e impactam todo o ambiente que o circunda. Este é a principal linha de argumentação do livro. Portanto, ter uma estratégia ativa de atrair e desenvolver estes talentos deveria ser a prioridade geoestratégica mais importante para os países e as empresas no século XXI.

Kerr demonstra que ser atrativo para os talentos estrangeiros é uma grande vantagem competitiva para a economia americana, mas que esta hegemonia está em risco e que, políticas de ajustes justamente no sentido contrário aos pensados pelo presidente, são necessários.

1/3 dos prêmios nobel americanos são imigrantes. Quase 20% de todas as patentes registradas no país são feitas por imigrantes. E 17% de todos os estudantes universitários dos EUA, são imigrantes. Este número salta para 29% no caso de áreas STEM (Science, Technology, Engineering e Mathematics) e para 52% para aqueles com doutorado. São números impressionantes e demonstram a grande contribuição de pessoas nascidas fora dos EUA na inovação do país.

Outro setor com grande presença de estrangeiros são as empresas, em especial no Vale do Silício. Esse ecossistema atrai investidores e empreendedores de todo o mundo, ávidos por beberem da fonte de inovação do Vale.

O Vale do Silício é o que o autor chama de uma “Cluster de Talentos”. Este cluster de inovação e trabalho criativo é o que atrai tantos talentos de todo o mundo. Estes talentos internacionais estão em busca de melhores salários, qualidade de vida (será?), mas principalmente, de um ambiente propício para o desenvolvimento de todo o seu potencial. A interação com os melhores de suas áreas de atuação é o que torna o Vale tão especial.

Este círculo virtuoso gera uma potência enorme para o país e para as pessoas. Segundo um estudo citado no livro, a metade do crescimento de produtividade da economia americana nas últimas décadas foi proporcionada pelo aumento vertiginoso dos trabalhos STEM, com muita presença de imigrantes.

Mas, será que o movimento não tira empregos e oportunidades que poderiam ser dos nativos? E esta fuga de cérebros, não é um desastre para os países que perdem seus talentos?

Kerr mostra que estas perguntas, apesar de válidas, são equivocadas. As empresas que contratam imigrantes costumam contratar de forma simultânea, mais colaboradores nativos. E a rede construída pelos imigrantes e os projetos que montam envolvendo seus próprios países ultrapassa de forma relevante o impacto que estas mesmas pessoas poderiam ter restritas a seus próprios ambientes. É o chamado ganha-ganha. Bom para quem recebe e bom para quem fornece os talentos.

Empreendedores e imigrantes têm muito em comum. Pessoalmente, acho que os imigrantes trazem o espírito empreendedor (garra, otimismo e coragem) embutido. O desafio de mudar de país implica uma maior tolerância ao risco e um nível maior de persistência e força de vontade para vencer os obstáculos de situações totalmente desconhecidas.

Ter um mindset global é um pré-requisito para resolver os problemas da atualidade. Isso vale para os países, para as empresas, para as universidades e, sobretudo, para os indivíduos.

Alguns dados que ressaltam a conclusão…

“Pessoas talentosas impactam em todos os aspectos de nossas vidas, desde aqueles que inventam a próxima versão de nossos smartphones, até aqueles que pesquisam como estender a vida humana. ”

“Aproximadamente 3% da população mundial vive fora de seu país de nascimento”

Bill Gates sugere três ações para melhorar a competitividade americana: melhor educação e treinamento para os estudantes e trabalhadores americanos, mais encorajamento a Pesquisa e Desenvolvimento (R&D) e maior imigração de talentos (high-skill imigration) ”

“Uma estimativa sugere que os estudantes internacionais adicionam mais à economia de Nova York do que os Yankees, os Mets e os Giants combinados”.

“… o dobro de tecnologia a cada dois anos significa que o ocorre em 24 meses è igual a tudo o que ocorreu antes” Sobre a Lei de Moore e como “o software está engolindo o mundo”, do pioneiro de tecnologia e investidor capitalista, Marc Anderson.

“Minha própria teoria indica que estamos no meio de uma dramática e enorme mudança econômica e tecnológica em que empresas de software abocanharão grandes parcelas da economia. Mais e mais grandes indústrias e negócios estarão rodando em softwares e sendo entregues como serviços online – de filmes, à agricultura, à defesa nacional. Muitos ganhadores serão empresas de tecnologia do estilo Sillicon-Valley…. Porque isso está ocorrendo agora? Seis décadas desde a revolução computacional, quatro décadas desde a invenção do microprocessador e duas décadas desde o surgimento da internet, toda a tecnologia requerida para transformar as indústrias através do software finalmente pode ser entregue de forma abrangente e com uma escala global. ” Marc Anderson

“Mais de 40 fundadores de unicórnios vieram de escolas de negócios de Harvard e Stanford e imigrantes representam metade dos fundadores de unicórnios americanos”.

“Englishhnization é crucial – não importante, crucial… Você precisa desenvolver uma organização global ou sua empresa não existira em 10 anos”. Do CEO da maior rede varejista japonesa, a Rakuten.

“No Sec XIX, as pessoas mais importantes tinham recursos líquidos para investir, dinheiro. No Sec XX, eram essencialmente os engenheiros, mas no Sec XXI serão aqueles com a capacidade de gerir talentos. Talento è o principal driver do Sec XXI”. De Ignacio Galan, o presidente da empresa elétrica espanhola, Iberdrola.

 “China e Índia terão 60% de todos os jovens universitários em carreiras STEM do mundo até 2030. ”

“A capacidade das empresas de alavancar os talentos externos á organização será tão importante para o sucesso do RH, como as Redes Sociais e o Google Adworks rapidamente se tornou essencial para o marketing” citando exemplos de empresas como InnoCentive, Topcoder, UpWork, Amazon Mechanical Turk e a própria NASA que ajudam a empresas a utilizar talentos de fora da organização.

“É mais importante falhar em algo que importa do que ter sucesso em algo que não importa”, de Regina Dugan, diretor da DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), entidade que criou inovações como a Internet, o GPS e os drones.

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