Descubra seus pontos fortes
Donald O. Clifton
Mais de uma vez abordamos o autoconhecimento como fundamental para o exercício da atividade empreendedora, ou mesmo para a gênesis dos empreendedores. É uma condição necessária para liderar, como nos mostrou o Dr. Mario Alonso Puig, a Dra Sara Caputo, a Dra. Angela Duckworth, o investidor argentino Ariel Arrieta e o filósofo Mario Sergio Cortela. O autoconhecimento era uma das variáveis presentes no bom professor, analisado pela educadora Maria Lucia Lanza e na autenticidade, da Bene Brown. Buscar formas e ferramentas de autoconhecimento é sem dúvida a primeira grande recomendação dos especialistas para iniciar a aventura de abrir um novo negócio.
O teste “Descubra seus pontos fortes”, do Dr. O Clifton, é baseado em uma pesquisa com mais de 2 milhões de pessoas conduzida pelo Instituto Gallup. O trabalho deu origem a um questionário psicométrico de 180 perguntas, exclusivamente desenvolvido para aplicação via internet e que destaca 34 talentos ou comportamentos. Os cinco comportamentos de maior pontuação são os seus talentos naturais. São os elementos para os quais, segundo o autor, você deveria direcionar seus esforços. Somente desta forma a pessoa teria condições de desenvolver seus pontos fortes e chegar a um padrão de excelência na atividade profissional.
Esta linha de pensamento contrapõe uma argumentação bastante recorrente que foca mais nos nossos pontos de fraqueza, em fechar gaps. Essa abordagem faz com que percamos tempo e energia relevantes para corrigir falhas e esqueçamos de nos aperfeiçoar. E mais do que isso; a pesquisa também mostrou que esta “tendência aos pontos fracos” não é algo imposto por terceiros, mas algo que pode ser natural de muitas pessoas. Está relacionado com os três grandes medos da humanidade: o medo das fraquezas, o medo do fracasso e o medo do seu verdadeiro eu. Faltaram o medo da morte e da pobreza, dois medos destacados pelo diabo de Napoleon Hill, o papa do autoconhecimento e do pensamento motivacional. Apesar dos nomes diferentes para os medos, chegam a conclusões mais ou menos similares: os rumos dos pensamentos e da mente de cada pessoa é o que faz a diferença. Martin Seligman, o renomado psicólogo de Stanford, também chegou as mesmas conclusões em seus estudos sobre o otimismo.
O Dr Clifton ainda chama a atenção para um outro elemento de extrema relevância para a obtenção do autoconhecimento: a ilusão. Ou seja, quando as pessoas continuam agindo e continuam falhando, sem perceber. Acha que é bom vendedor, mesmo sem ter bons números de vendas. Acha que fala bem em público, mas a audiência fica na maior parte do tempo dispersa. Se você ficou na dúvida, faça o teste.
E, depois, preste atenção na dica de ouro. Concentre-se na combinação dos seus 5 talentos naturais. É isso que te fará único. Autêntico. São milhões de combinações possíveis entre os 34 talentos naturais e uma delas será quase que exclusivamente sua.
Na minha opinião, somente saber no que você é bom de forma natural já irá direcionar seus pensamentos (e suas decisões) para um caminho de melhoria continua. Com foco e esforço, quem sabe, não chega a excelência. O teste deveria estar disponível para quem compra o livro, mas assim como no caso do Sobrevivente, do jornalista Ben Sherwood, já não está mais disponível. Só encontrei testes pagos na internet.
Aproveitei o embalo e me inscrevi no curso do meu amigo Calebe Luo, um especialista nas técnicas do Dr. Clifton. O questionário “conheça seus pontos fortes” pode ser a base para a construção e validação dos arquétipos de empreendedor que vimos trabalhando. As histórias de empreendedores mostram que eles estão longe de ter um perfil único e homogêneo. Se destacam com habilidades e personalidades diferentes. Alguns são técnicos, como Mike Lazaridis, Bill Gates ou Adolf Dassler. Outros são gestores, como Phill Knight, Olavo Setubal e Marcos Galperin. Ou ainda vendedores como Jack Ma, Luciano Benetton e Elizabeth Holmes. Sem falar nos tratores, estilo Jeff Bezos.
Quantos arquétipos encontraremos entre os empreendedores? Seguimos investigando…
Algumas passagens destacadas:
“O modo como encara o risco, como se conecta com outras pessoas, como toma suas decisões, como se satisfaz – nada disso acontece por acaso. Tudo faz parte de um padrão singular, tão estável, que seus parentes e amigos íntimos são capazes de recordar de suas primeiras manifestações no pátio da escola…” mencionando o investidor Warren Buffet, que segundo o autor, conseguiu combinar seus talentos naturais com sua atividade profissional e chegou a excelência no que faz.
“Ponto forte: um desempenho estável e quase perfeito em determinada atividade”
“Desenvolver um ponto forte em qualquer atividade requer certos talentos naturais”.
“Cada um de nós tem nuances demais… O objetivo do teste é mais focado. Pretende revelar seus cinco mais vigorosos temas de talento. Esses temas podem não ser pontos fortes ainda. São as áreas de maior potencial, áreas que em você tem a máxima possibilidade de cultivar um ponto forte de primeira linha. O teste acenderá um holofote sobre elas. Transformar isso em desempenho caberá a você. ”
“Talentos são aqueles padrões recorrentes de pensamento, sensação ou comportamento que você pode usar produtivamente”.
“Sua herança genética e as primeiras experiências infantis o ajudam a encontrar algumas conexões mais regulares e mais fáceis de usar do que outras – a conexão competitiva, talvez, ou a conexão indagadora ou a conexão do pensamento estratégico. ”
“Incapaz de racionalizar cada mínima decisão, você é compelido a reagir instintivamente. Seu cérebro faz o que a natureza sempre fez em situações como essa: encontra e segue o caminho de menor resistência, o de seus talentos. ”
“A natureza o leva a reagir ao mundo de certas formas recorrentes, e ao fazer essas reações proporcionarem satisfação, impele você a sempre reagir ao mundo de certas formas recorrentes, ad infinitum.”
“Ser o que somos, e nos tornarmos o que somos capazes de nos tornar, é o único objetivo da vida” citando o filosofo Baruch Spinoza.

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