Start-Up Nation

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Dan Senor e Saul Singer

“Os imigrantes não têm medo de recomeçar. São, por definição, pessoas arriscadas. Uma nação de imigrantes é uma nação de empreendedores” Gidi Grinstein, empreendedor social israelense

Este já é um livro clássico, apesar de ter sido escrito há exatamente 10 anos, em 2009. Ele conta a façanha do povo judeu em formar o estado de Israel. Como os próprios autores definem, é um livro sobre inovação e espírito empreendedor.

Israel é o pais com a maior concentração de inovação e de atividade empresarial do planeta. Este é justamente um dos segredos da prosperidade deste país, que tem pouco mais de 70 anos de idade.

Os autores vão dissecando a história e a cultura do país através das histórias de alguns de seus empreendedores e de suas façanhas empresariais. O segredo vai muito além da escola militar de ponta e dos altos investimentos em tecnologia. Passa principalmente pela cultura forjada desde o princípio pelos empreendedores fundadores da nação.

Uma cultura empreendedora, onde o chutzpah, o rosh gadol e os bitzi`ista são elementos fundamentais e exercitados a todo o momento, seja no ambiente militar, seja no ambiente empresarial.

Chutzpah pode ser definido como insolência, descaro, frescura, coragem, atrevimento e arrogância, tudo ao mesmo tempo. Para os israelenses significa simplesmente ter muita autoconfiança e não deixar nunca de avançar. São educados desde cedo para que desafiem a todo o momento o estabelecido, façam perguntas e questionem tudo, inovem. “Se existirem dois judeus, vão haver no mínimo três opiniões”. O esperado de um israelense é que ele defenda um argumento “até a morte”, inclusive no âmbito militar. Não é raro que um estagiário israelense, por exemplo, pergunte ao superior imediato porque ele é seu chefe.

Ao contrário do que se esperaria de uma cultura extremamente militarizada, o que se vê em Israel é justamente uma espécie de falta de disciplina. Ao menos em como estamos acostumados. Eles têm um comportamento que denominam rosh gadol, que significa seguir ordens da melhor maneira possível, utilizando o juízo próprio e fazendo o esforço necessário para cumprir o objetivo. Colocam a improvisação à frente da disciplina. Isso é bem diferente de um comportamento rosh katam, que significa seguir ordens ao pé da letra e assim evitar assumir responsabilidades ou trabalho extra.

Os israelenses são pragmáticos, simplesmente fazem as coisas, são bitzu`ista: eficazes, não enrolam, mas podem também ser irascíveis, impacientes, irônicos. A geração pioneira da construção de Israel foi uma geração de bitzu`istas, como Ben-Gurion, o idealizador e principal executor do projeto de país. Foram aqueles, que assim como os empreendedores em suas empresas, arriscaram tudo para criar uma nação.

Nas palavras dos próprios autores, “ser assertivo ou indolente, ter pensamento crítico e independente (ou insubordinado), mostrar ambição e visão (ou arrogância): as palavras variam conforme a perspectiva, mas todas juntas descrevem o típico empreendedor israelense”.

Como toda a cultura, a cultura empreendedora se desenvolve mais no ambiente apropriado. E Israel parece ter desenvolvido o ambiente ideal para o florescimento desta cultura. Primeiro, está inserido em um entorno complexo, escasso em território e em recursos naturais e cercado de inimigos. Inovar é uma questão de sobrevivência. Quem não inova, perece. Neste ambiente totalmente propício a inovação, o fracasso é entendido como parte do processo.

Outro aspecto interessante é o da vocação a internacionalização. Justamente por seu entorno, os israelenses são obrigados a pensar além de seus vizinhos como mercados potenciais. Existe uma tradição muito forte de “mochileiros” em Israel. Os estudantes, antes de entrar na universidade, saem para explorar o mundo. Vão atrás das dicas e recomendações do “Livro”, uma espécie de diário de viagem comunitário que vai sendo construído ao longo de várias gerações e localidades ao redor do mundo. Quando entram no mercado de trabalho, os israelenses já aprenderam a buscar oportunidade em lugares exóticos e perderam o medo a integrar-se e envolver-se em ambientes e culturas totalmente diferentes as suas.

Por fim, é interessante observar que, por exemplo, na Unidade 8200, a tropa de elite das forças de defesa do exército israelense, o objetivo principal do curso de formação dos recrutas é desenvolver a capacidade de resolver problemas. Os alunos têm que resolver uma serie infindáveis de missões e nunca são dadas as instruções de como resolvê-las. Os cadetes são treinados para encontrar soluções multidisciplinares para problemas militares específicos. Levam tão a sério a resolução de problemas que o Programa Talpiot, a elite da elite do exército israelense, foi um programa desenvolvido com o objetivo especifico de que os recrutas sejam capazes de resolver problemas com o máximo de inovação possível.

Israel é uma nação de empreendedores que conseguiu estabelecer uma cultura de formação de empreendedores. Sua experiência mostra que é possível educar as pessoas para ter coragem, resolver problemas e inovar.

“O mais prudente é atrever-se” Shimon Peres, co-fundador do Partido Trabalhista Israelense, ex-primeiro-ministro e ex-presidente de Israel

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