Brazil Digital Report

Brazil Digital Report

https://www.mckinsey.com/br/~/media/McKinsey/Locations/South%20America/Brazil/Our%20Insights/Brazil%20Digital%20Report/Brazil-Digital-Report-1st-Edition_Portuguese-vAjustado.ashx

A consultoria estratégica americana Mckinsey divulgou em abril deste ano pela primeira vez o Brazil Digital Report, que traz um bom apanhado de fontes e dados a respeito do novo ecossistema empreendedor no Brasil.

Do primeiro capítulo, resgato dois pontos que considero fundamentais para entender o estágio atual de empreendedorismo no país. Em primeiro lugar, o Brasil apesar de ter aumentando os anos de escolaridade média da população adulta de 3 a 9 anos de 1980 a 2010, não conseguiu melhorar a produtividade média da mão de obra (medida pelo PIB por trabalhador). São mais anos de estudos, sem melhoras na qualidade. Enquanto países como a China, a Coreia e o Chile pelo menos dobraram a produtividade, o Brasil ficou estagnado neste indicador.

Essa mesma estagnação também pode ser observada no perfil das maiores empresas brasileiras comparadas com os países de maior crescimento econômico. Em dez anos, as empresas de tecnologia passaram a dominar a lista de maiores empresas nos EUA e na China, deixando para trás empresas mais tradicionais, como bancos, empresas de energia e grandes varejistas. No Brasil, os grandes players são praticamente os mesmos: bancos, empresas públicas e grandes exportadores de commodities.

Não vimos o surgimento de uma grande empresa brasileira de tecnologia, mas vimos o Brasil tomar um lugar de protagonismo no uso da internet. No segundo capitulo (Perspectiva Digital), vemos que os brasileiros estão entre os povos que mais usam internet por dia (em média, 9 horas por dia, 44% do tempo via celular). Somos o país mais ativo dentre os que não falam inglês no Netflix (7,5 milhões de usuários) e somos o segundo país do mundo com mais espectadores no Youtube (69 milhões de usuários por mês), no Instagran (50 milhões de usuários) e no Pinterest (19 milhões de usuários) e os terceiros no Linkedin (29 milhões), no Facebook (130 milhões) e na quantidade de gamers (60 milhões).

Apesar dos números impressionantes, o potencial de crescimento do mercado ainda é bastante grande. A penetração do uso de internet chega a 67% da população, com muita dispersão entre faixa de renda e regiões do país (acima da média mundial de 53%, mas ainda abaixo dos 95% no Reino Unido, 88% no Estados Unidos e 78% na Argentina, por exemplo). No Brasil, os investimentos em publicidade digital ainda são menores do que na TV aberta (36% vs 45% do total de investimento em publicidade) e a penetração do e-commerce ainda é baixa, quando comparada com os países desenvolvidos (6% no Brasil, 20% na China e 12% nos EUA).

Aproveitar este potencial, dando mais protagonismo para empresas genuinamente brasileiras será o grande desafio para o país nas próximas décadas. De um lado, o relatório reproduz dados do Global Monitor Entrepreneurship e mostra que o perfil do empreendedor brasileiro ainda é bastante precário e que o ambiente para negócios no Brasil ainda tem muito para avançar. 39% dos brasileiros de 18 e 64 anos são empreendedores, sendo que 2/3 deles são autônomos e somente uma parcela pequena são de empregadores (5% dos brasileiros). Os setores a que se dedicam também tem pouca sofisticação: 28% estão em restaurantes, serviços de refeição e lanches e 17% se dedicam a vestuário, salão de beleza e cosméticos. Somente 7% dos empreendedores brasileiros tem ensino superior, mestrado ou doutorado. O Brasil tem a posição número 64 no ranking global de inovação e tem a metade de patentes registradas por ano que o Chile (tem 8% da população do Brasil), por exemplo. Os empreendedores brasileiros são heróis da sobrevivência.

A boa notícia está no surgimento de ecossistemas de empreendedores se desenvolvendo pelo país. O Relatório faz um bom resumo destes polos (São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rios de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Distrito Federal), que incluem incubadoras e aceleradoras de empresas, instituições de ensino e de investimentos, além das startups. O mercado de starups vem crescendo de maneira acelerada e outras formas de financiamento começam a aparecer (em um mercado de aprox.. usd 2,5 bi, aproximadamente ¼ vem de outras fontes que não sejam de Famílias e amigos. Investidores anjos já representam quase 10% deste mercado, com crescimento de 14% ao ano)

No final, os consultores dão um zoom nos quatro setores de maior destaque e potencial para o mercado brasileiro. Setores que criaram os primeiros 8 unicórnios brazukas: financeiro (fintechs), educação (edutechs), saúde (HealthTechs) e governo (GovTechs) e que apontam a resolver alguns dos grandes problemas do país.

Abaixo a lista dos maiores investimentos em startups brasileiras:

unicornios_brasileiros

O Brasil precisa evoluir e ter iniciativas do tamanho do seu potencial. A Mckinsey faz sua parte e contribui consolidando dados e indicadores relevantes. Você precisa medir bem as coisas se quiser evoluir.

Excelente iniciativa dos magos do powerpoint!

Deixe um comentário