Originais: como os inconformistas mudam o mundo
Adam Grant
“Pessoas originais são aquelas que tomam a iniciativa de transformar sua visão em realidade”. Sob esta ótica, os empreendedores tendem a ser originais. Adam Grant é professor da Wharton School, uma das principais escolas de negócios do mundo, e um pesquisador de psicologia comportamental. Neste livro ele derruba mitos relacionados a estes super-humanos inovadores e criativos. Mostra formas simples para que todos possam enfrentar o medo de inovar e sentir-se com mais coragem de realizar.
O primeiro mito que vai para o espaço é aquele que aponta a necessidade de que originais e empreendedores têm de tomar mais riscos ou de que têm menor aversão ao risco do que a maioria dos mortais. Mostra que os empreendedores com maior sucesso, aqueles que perduram, são justamente os que tomam riscos calculados ou que balanceiam melhor suas opções antes de se lançar suas inovações. “Sentir-se seguros em um setor da vida nos dá liberdade para sermos originais em outro. ” As histórias de Phil Knight e Jack Ma, que vimos por aqui, e outros exemplos que estão no livro (Henry Ford e Bill Gates, entre eles), são exemplos desta prática.
“Para se tornar original você precisa tentar algo novo, o que implica aceitar alguma medida de risco. Mas os originais mais bem-sucedidos não são os malucos que dão o salto antes de olhar para baixo: ao contrário, são aqueles que se aproximam com relutância da beira do abismo, calculam a velocidade da queda, conferem três vezes os paraquedas e estendem uma rede de segurança por via das dúvidas”.
O segundo mito confirma o que já havíamos antecipado há algumas semanas. O otimismo é fundamental para enxergar as oportunidades, agir e perseverar, mas pode ser perigoso quando é exagerado: otimismo desenfreado acaba parecendo discurso de vendedor, soa desonesto e desperta ceticismo. O autor mostra no livro que o pessimismo pode ser positivo em algumas situações. Quando de modo deliberado a pessoa pensa no pior que pode acontecer, ela tende a se motivar para evitar que este cenário ocorra, pensando em todos os detalhes para remediar a situação desastrosa. Este pessimismo defensivo é eficaz somente quando o compromisso com a tarefa ou objetivo é solido. Caso contrário, o pessimista tende a desistir no meio do caminho.
O livro traz diversos conceitos interessantes a respeito da inovação.
- Confirma o que também já havíamos repassado, que a probabilidade de que uma ideia inovadora vingue tem uma correlação grande com a quantidade de ideias testadas anteriormente.
- Demonstra a importância e relevância de validação e crítica das novas ideias por pares e detratores (ou mesmo inimigos) como sendo mais eficazes do que de chefes, clientes e/ou subordinados.
- Confirma a manutenção de hobbies artísticos (teatro, música, desenho, arte, etc) como amplificadores das percepções criativas.
- Chama a atenção para as armadilhas da intuição e de como a experiência prévia pode direcionar tanto o julgamento de novas ideias, quanto a proposição delas.
- Cita o fundador da Idealab, Bill Gross, que analisando o lançamento de mais de 100 empresas, percebeu que o fator mais importante para o sucesso não era a singularidade da ideia, nem a capacidade da equipe, nem a execução da ideia ou o modelo de negócios ou a disponibilidade de financiamento. O que fazia realmente a diferença era o timing do lançamento da ideia. Nesta linha, Grant desenvolve o conceito de “procrastinação estratégica”, quando muitas vezes é melhor esperar para que uma ideia madure e se desenvolva antes de sair com ela ao mercado.
Finalmente, analisa a inovação nos primeiros anos de vida. Descobrimos que os filhos do meio têm mais chances de ser originais, pois os espaços e arquétipos tradicionais já foram preenchidos pelos primogênitos e pelos caçulas. Vemos a importância que tem os pais, professores e mestres quando direcionam os elogios ao caráter das crianças e não ao comportamento. No processo, fortalecem a autoestima e alimentam a coragem para tentar coisas novas. Efeito parecido das histórias e dos livros infantis, que também ajudam na formação do caráter, no desenvolvimento da criatividade e da coragem.
O livro é otimista, desmistifica esta aura que envolve as pessoas originais. Os originais são mais comuns de encontrar do que pensamos. A diferença deles é que, mesmo com os mesmos medos e incertezas que todos nós, eles partem para ação. Para eles, fracassar lhes traz menos desgosto do que nem tentar.
Boa!
Algumas citações do livros que vale a pela reproduzir:
“Os melhores empreendedores não maximizam o risco. Eles tratam de deixar o risco menos arriscado” Linda Rottemberg, co-fundadora e CEO da Endeavor.
“Aprendi que a coragem não era a ausência do medo, mas a vitória sobre ele… o homem corajoso não é aquele que sente medo, mas aquele que consegue supera-lo” Nelson Mandela
“No sentido mais profundo da palavra, um amigo é alguém que enxerga mais potencial em você do que você mesmo, alguém que o ajuda a se tornar sua melhor versão possível” de Sheryl Sandberg, executiva chefe de operações do Facebook, no prefácio do livro
“Quanto mais intuitivos os investidores, maiores são suas chances de serem convencidos pela paixão de um empreendedor”, o autor citando um estudo conduzido pela professora de empreendedorismo Cheryl Mitteness, da Universidade de Northeastern. Algo parecido já tínhamos visto na historia de Elizabeth Holmes
“Se quisermos prever se os criadores de uma ideia nova conseguirão torná-la bem sucedida, precisamos enxergar além do entusiasmo que eles demostram pela ideia e prestar atenção ao entusiasmo pela execução revelado por seus atos” ainda falando dos perigos da paixão…
Algumas fontes bibliográficas para aprofundar em algum momento do futuro:
Victor K. McElheny, Insisting on the impossible: The Life of Edwin Land (nova York: Basic Book, 1999), sobre a vida do fundador da Polaroid
Thomas Gilovich e Victoria Husted Medvec, “The temporal Pattern to the experience of Regret” Journal of Personality and Social Psychology 67 (1994) e “The Experience of Regret” What, When and Why” Psychology Review


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