The Magical Number 7 +- 2: some limits on our Capacity for Processing Information
George A. Miller (1956)

Este é um artigo clássico da psicologia e das neurociências. É uma das primeiras demonstrações dos limites da nossa capacidade cognitiva, ou seja, nossa capacidade de processar informações, de adquirir novos conhecimentos.
O autor compara um ser humano a um sistema de comunicação que é capaz de receber e transmitir informação. Sua hipótese é de que o julgamento absoluto (ou escolha) de uma pessoa para a tomada de decisão, dadas determinadas alternativas, funciona da mesma forma que um simples canal de comunicação.
Desta forma, como em qualquer comunicação, a correlação entre a informação inicial recebida (imput information) e a informação final absorvida (output information) determinaria a quantidade de informação transmitida e, portanto, a qualidade do canal de comunicação.
A hipótese principal do artigo é de que um canal de comunicação (e também o julgamento humano) tem um limite, uma capacidade. Resolveu testar este limite usando uma série de diferentes experimentos.
Mediu a capacidade de julgamento absoluto em bits. Ou seja, pela quantidade de informação necessária para fazer uma decisão binaria – entre duas alternativas, com 50% de chances cada uma. Um canal com 1 bit teria duas alternativas de escolha. Com 2 bits, 4 alternativas. Com 3 bits, 8 alternativas. E assim sucessivamente.
No primeiro experimento, fazia com que as pessoas relacionassem determinados tons musicais com números. Quando as pessoas tinham que distinguir entre dois tons (1 bit), a margem de erro foi igual a zero. Com quatro diferentes tons, haviam alguns erros, mas eram raros. A partir de cinco tons os erros passaram a ser mais frequentes. A quantidade de informação transmitida (quantidade de acertos) aumentava proporcionalmente a quantidade de informação recebida (quantidade de tons) até um determinado limite. A curva de inflexão, onde os acertos começaram a ser menores que os erros, foi em 2,5 bits (com aproximadamente 6 tons – ou alternativas – distintas). Ou seja, não importava a quantidade de tons (ou informação) disponibilizada, os diversos respondentes conseguiam decifrar um máximo de 6 tons sem nenhum erro.
Uma série de outros experimentos foi compilada – com ruídos, com sabores, com estímulos visuais – feitos por cientistas em ocasiões e com amostras de respondentes totalmente diferentes. Todos estes experimentos chegaram a um intervalo de 1,6 a 3,9 bits, com uma média de 2,6 bits e um desvio padrão de 0,6 bits. Números impressionantemente próximos ao estudo inicial de 2,5 bits.
Estes primeiros experimentos são unidimensionais, ou seja, avaliam somente uma dimensão por vez (um som, uma imagem, um sabor). Sabemos que a realidade de qualquer ser humano no seu dia a dia tem centenas de outras dimensões, com muitas variáveis independentes entre si nos estimulando e enviando-nos informação a cada segundo.
Quando os testes são aplicados com uma dimensão adicional (um ponto em um gráfico versus uma forma geométrica qualquer), poderia se esperar que nossa capacidade de processamento fosse o dobro de uma performance com um estímulo individual. Mas, no caso especifico dos pontos no gráfico, o ponto de inflexão passou de 3,25 bits para 4,6 bits. Aumentou a capacidade de processamento total, mas não na proporção esperada. Outros experimentos foram aplicados com resultados muito parecidos.
Concluindo, quanto mais aumentava a quantidade de variáveis, mais aumentava a quantidade de acertos totais, apesar de cair a quantidade de acertos para uma variável específica. O autor chega à conclusão de que, do ponto de vista adaptativo, é melhor ter um pouco de informação sobre muitas coisas, do que ter muita informação sobre uma coisa especifica. Para o processo evolutivo em um mundo com muitas variáveis, é melhor ser generalista do que especialista.
O teste de “span of atention”, bastante difundido em várias áreas das terapias, também apontou os mesmos resultados, aproximando-se ao sete…20 ou 30 categorias de atenção diferentes podem se assimilar a uns 7 bits de memória. Neste caso, as memórias ficam de alguma forma estocadas, apesar da diferencia de atenção. É uma teoria de estocagem e produção de lembranças e memórias, de forma simultânea.
Generalidades e déficit de atenção podem ser atribuídos a empreendedores ou não? Para ambos há estudos que apontam que sim. . O que vc quer fazer com esta capacidade instalada? Expandir, manter, aprender, crescer… cada mente decide por si só, vias escolhas, ações e experiências. Qual o seu próximo passo?

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