
Foi minha irmã Marcela quem me recomendou o Medium, uma plataforma de artigos criada por um dos fundadores do Twitter e que, segundo o Wikipedia, é uma espécie de jornal social. Nas minhas primeiras incursões da versão gratuita, dentre os mais variados artigos sobre empreendedorismo, me deparei com duas opiniões interessantes sobre a gênesis dos empreendedores. Os autores debatem mais especificamente se o empreendedorismo pode ou não ser ensinado a qualquer pessoa.
O primeiro artigo (“Can Anyone Learn To Be an Entrepreneur?”) é de Joe Procopio, um empreendedor-serial americano. Ele diz categoricamente que quase qualquer um pode aprender a empreender. A palavra quase aí é chave.
Ele acredita que as pessoas que tomam a iniciativa de empreender têm o que ele chama de lado direito do cérebro (right brain stuff) mais bem desenvolvido. Liderança, motivação e persistência. Estas são palavras-chave difíceis de serem desenvolvidas em sala de aula, via apresentações de power point. São coisas que a vida te dá, com trajetória, com vivência, com inúmeras tentativas e erros.
Critica o que ele denomina de “protótipo estereotipado do empreendedor potencial”. Algo como um perfil modelo: jovem, bem-nascido, Tipo A (pessoas com personalidade muito forte e destacada), com grau universitário (de preferência de Harvard ou Stanford) e sem nada a perder.
O investidor-anjo chinês Lance Ng é ainda mais drástico e no texto “Entrepreneurship can`t be taught”, afirma categoricamente que o chamado espírito empreendedor é algo genético, que nasce com a pessoa. O empreendedor nato já vem de fábrica com as qualidades empreendedoras: paixão, garra, capacidade de resolver problemas e uma atitude mais propensa a tomar riscos. Estes não precisam ser incentivados ou estimulados a desenvolver-se como empreendedores, assim como um pianista que tem vocação e talento naturais, simplesmente se tornarão empreendedores.
Por fim, também faz certas críticas a este super modelo do visionário empreendedor-herói. Lembra que mais de 80% das start-ups que viraram unicórnios nos Estados Unidos (foram vendidas com valor superior a USD 1 bilhão) tinham mais de um fundador. Três na média. Às vezes é difícil encontrar todas as qualidades de um empreendedor em uma só pessoa. Com duas ou três, o caminho fica mais fácil.
Eu tendo a concordar mais com o americano que com o chinês, apesar de também acreditar que empresas com mais de um sócio tem mais chances de ter sucesso. Sim, coincido com os dois de que algumas características necessárias para empreender não estão presentes em todas as pessoas e que, dependendo da natureza de cada um, não são habilidades tão triviais de serem desenvolvidas.
Liderança, Garra e Capacidade de Resolver Problemas já vimos que são habilidades que podem ser desenvolvidas. Para alguns, com mais esforço e dedicação do que para outros, dependendo da idade e da história de vida de cada um.
